sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Estranha no ninho


Sempre me senti como uma estranha no ninho. A famosa ovelha negra que Rita Lee canta em sua canção. Fui adolescente rebelde, mas sem comparar com a rebeldia dos anos 60, apenas tinha vontade de me impor. De descobrir quem eu era. Para isso me expus, dei a cara a tapa. Fiz parte de grupos, me excluí de outros que não me interessavam. Paguei por apostar em amizades efêmeras, quando poderia ter construído outras duradouras. Toda escolha tem uma renúncia. 

Fui boa e má aluna. Quase repeti de ano e fui salva por um sistema falido de dependência escolar, em que você cumpre as matérias que repetiu no ano seguinte. Entre Física, Química e Matemática, me restou o meu querido Português, interpretativo, não gramático, pois nunca foi o meu forte. Devorei livros e eles me devoraram. E me ajudaram a me decifrar.

Mesmo me encontrando profissionalmente, me sentia estranha. Porque vim de um ninho partido que, por mais que tentassem me preservar, me tornou estranha. A estranha que sempre teve uma vida dividida e ao mesmo tempo compartilhada. Cercada de dois mundos completamente diferentes que me fizeram aprender a crescer e perceber nuances que muitos não percebem. Porque só conhecem uma realidade.

Sou feliz, e é uma felicidade estranha, porque é um amor por dois mundos, e eu estou no meio deles. Tentando ser neutra, mesmo que neutro seja mesmo só sabão. E de côco. Tenho paixão pelo estranhamento, ele me fascina. Sempre me senti assim, estranhamente única. Não como prepotente, mas como alguém que nasceu com uma missão. Que ainda não descobri, mas vou descobrir. Não serei só uma frase batida. Ainda tenho muito o que construir. 

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